Destilados - Brandy - Pisco
A origem do pisco remonta à necessidade náutica e mineradora de concentrar e preservar os vinhos na região costeira da América do Sul, próxima aos Andes mineradores. Ao contrário de outras bebidas alcoólicas, como o vinho, o pisco não tem uma tradição camponesa arraigada, mas surge como uma resposta prática às demandas da navegação e da mineração.
Tanto o pisco chileno quanto o pisco peruano são aguardentes de uva obtidos pela destilação de variedades brancas e rosadas de Vitis vinifera, aprovadas como “uvas pisqueras” de acordo com as respectivas legislações. No entanto, existem diferenças significativas entre eles além da área de produção.
Em primeiro lugar, as áreas de produção diferem. O pisco chileno é produzido nas regiões de Atacama e Coquimbo, enquanto o pisco peruano é produzido nas regiões de Lima, Ica, Arequipa, Moquegua e Tacna. Cada região possui características geográficas e climáticas diferentes, o que pode influenciar o sabor e o perfil aromático do pisco produzido em cada país.
Quanto às uvas utilizadas, o pisco chileno é elaborado principalmente com uvas Moscatel, Pedro Ximénez e Torontel, enquanto o pisco peruano utiliza variedades tanto aromáticas (Moscatel, Italia, Albilla e Torontel) quanto não aromáticas (Quebranta, Negra Criolla, Mollar, Uvina). Essa diferença nas uvas utilizadas também contribui para as características organolépticas e aromáticas distintas de cada tipo de pisco.
Outra diferença está na elaboração. Tanto o pisco chileno quanto o peruano podem ser produzidos de forma industrial ou artesanal, o que pode afetar o processo de destilação e os sabores resultantes.
O tipo de destilação é outro fator que os diferencia. O pisco chileno é destilado em uma única etapa, o que significa que é destilado apenas uma vez em um alambique. Já o pisco peruano é destilado de forma descontínua em um alambique, envolvendo múltiplas destilações.
Quanto ao corte de destilação, o pisco chileno faz um corte separando o “coração” do restante do destilado, enquanto o pisco peruano não faz um corte e destila até atingir o teor alcoólico desejado.
O número de destilações também difere. O pisco chileno pode ser destilado uma única vez, duas vezes ou três vezes, sem limite no número de destilações. Por outro lado, o pisco peruano é destilado apenas uma vez.
A graduação alcoólica é outro ponto distintivo. A graduação do pisco chileno geralmente varia entre 30° e 50°, enquanto o pisco peruano varia entre 38° e 48°.
Uma disputa importante entre o Chile e o Peru é a denominação de origem do pisco. O Chile argumenta que o termo “pisco” se aplica à aguardente de uva produzida em seu território, enquanto o Peru afirma ter uma estreita relação com a cidade de Pisco e seus arredores. Ambos os países obtiveram reconhecimento internacional para o uso do termo “pisco” em diferentes países e regiões.
A disputa sobre a denominação de origem levou a reconhecimentos internacionais a favor de ambos os países em diferentes lugares. Por exemplo, a União Europeia reconhece o Peru e o Chile como países produtores de pisco e concedeu proteção de indicação geográfica a ambas as nações. Nos Estados Unidos, os termos “pisco” chileno e “pisco” peruano são reconhecidos como denominações de origem separadas.
